tauromaquia

os intervenientes

Fica a saber melhor quais os principais artistas que actuam numa corrida de touros, quais os outros intervenientes e qual a sua função.

01.Que artistas participam nas Tourada?

Cavaleiro: Toureiro que lida reses bravas a cavalo, utilizando farpas ou bandarilhas. O cavaleiro veste o traje de fidalgo do século XVIII, também chamado de traje à Frederica. Os cavaleiros profissionais surgem em Portugal durante o século XVIII, cobrando dinheiro pelas suas actuações, em contraste com os fidalgos, que o faziam por puro amadorismo.

Matador: é o toureiro a pé, com alternativa, que lida e mata os touros a estoque num espectáculo tauromáquico. Em Portugal a morte é simulada.

Novilheiro: é o toureiro a pé, sem alternativa, que lida e mata novilhos . "Espada" ou "diestro" são vocábulos empregues para designar indistintamente o matador de toiros e o novilheiro. Os que lidam bezerros denominam-se bezerristas.

Bandarilheiro: Toureiro que coloca bandarilhas em reses bravas. Profissional subalterno de alternativa que, além de bandarilhar, brega para cavaleiros, espadas e forcados. O mesmo que peão de brega.

Forcado: Os forcados são um grupo de oito homens que pegam o toiro no final da lide do cavaleiro. A designação de forcado provém do objecto "Forcado" que é uma vara de madeira com cerca de 1,60 m, em cuja extremidade é aplicada uma forquilha de metal amarelo. Compõem-se o grupo de moços de forcado oito homens: o cabo (que lidera o grupo), o cernelheiro, o rabejador, os caras e os ajudas.

Rejoneador: Toureiro a cavalo, de origem espanhola, que deve o seu nome ao rojão que utiliza para matar o toiro. Em Portugal não se utiliza o rojão nem o toiro é morto. Este cavaleiro veste traje de campo e não o traje de fidalgo do século XVIII. Este toureio a cavalo espanhol caiu em desuso no século XVIII mas ressurgiu em Espanha através do rejoneador António Cañero, nos anos 20 do século XX.

02.Que artistas participam na corrida à portuguesa?

A Corrida à Portuguesa é um espectáculo único no mundo e que se caracteriza por ser constituída somente por toureio a cavalo e as pegas dos Forcados. Assim, numa corrida à portuguesa participam Cavaleiros e/ou Rejoneadores, Peões de Brega (auxiliares dos cavaleiros) e Forcados.

03.Que artistas participam numa corrida mista?

A Corrida Mista caracteriza-se por ser constituída por toureio a cavalo e toureio a pé. Assim, numa Corrida Mista participam Cavaleiros e/ou Rejoneadores, Peões de Brega (auxiliares dos cavaleiros) Matadores ou Novilheiros, Bandarilheiros (auxiliares dos matadores ou novilheiros) e Forcados.

04.Que artistas participam numa corrida de toureio a pé?

A Corrida de Toureio a Pé caracteriza-se por ser constituída somente por toureio a pé. Assim, neste tipo de corrida participam somente Matadores ou Novilheiros, Picadores (actualmente estes não são permitidos em Portugal) e Bandarilheiros (auxiliares dos matadores ou novilheiros).

05.Qual o papel dos campinos e do maioral numa corrida de Touros?

O campino é o guardador de reses bravas. Levando uma vida dura e arriscada, dedica-se com entusiasmo e paixão ao seu trabalho, sentindo e vibrando com os êxitos e os fracassos dos touros que vê nascer, como se estes lhes pertencessem. Antigamente, conduzia pelas estradas fora os curros de toiros que haviam de ser lidados. Hoje, o maioral (campino-chefe) acompanha os touros à praça, enquanto os outros dois campinos manejam o jogo de cabrestos para a recolha dos touros para os curros depois da pega e, também, para a concretização da pega de cernelha.

06.Quais os outros intervenientes numa Tourada?

Diretor de Corrida: é o elemento responsável pela direção do espetáculo. É nomeado pela Inspeção Geral das Actividades Culturais (IGAC)

Médico Veterinário: é o elemento responsável por assessorar o director de corrida em todas as questões que envolvam as suas competência técnicas, zelando pelo cuidado e bem-estar dos touros. É nomeado pela IGAC.

Avisador: é o elemento, indicado pelo promotor, que funciona como adjunto do diretor de corrida para exercer, entre barreiras, a função de interlocutor no decurso dos espetáculos tauromáquicos;

Embolador: é o elemento responsável pela embolação ou despontar das hastes, e pelo fornecimento das bandarilhas a utilizar durante o espetáculo.

Cornetim: é o elemento responsável por executar os toques tradicionais, ordenados pelo director de corrida, que transmitem ordens para os artistas.

Banda de Música: é obrigatória nos espetáculos tauromáquicos (exceto nas variedades taurinas) e responsável por tocar durante as cortesias, e sempre que o director de corrida o determine.

07.O que é a "alternativa"?

A alternativa é a cerimónia, que decorre no início de uma corrida de toiros, em que um cavaleiro praticante ascende ao escalão máximo da sua profissão, ou seja, torna-se um cavaleiro de alternativa. Esta cerimónia tem um padrinho, um cavaleiro de alternativa, que cede esse grau ao novo cavaleiro. O novo cavaleiro lida de seguida um toiro para demonstrar a sua aptidão e ser avaliado. O cavaleiro pode ser aprovado ou reprovado. Se reprovar terá de fazer nova prova de alternativa noutra corrida.

No caso do toureio a pé as alternativas funcionam da mesma forma. Um matador de toiros concede a um novilheiro a alternativa, passando este a ser matador. Neste caso estas alternativas têm de se realizar sempre com a morte do toiro, razão pela qual os matadores português têm de tirar as suas alternativas fora de Portugal.

08.Quais as peças que constituem o traje de um cavaleiro?

O traje do cavaleiro tem inspiração no traje francês do século XVIII. É constituído por Tricórnio (chapéu), casaca de seda ou de veludo bordada, colete de seda com tufos de renda, calção enfunado e depois de malha cingido à perna, bota de cano alto, com salto de prateleira.

Enquanto usavam a lança, fardavam-se militarmente, com armaduras de torneio, passando a usar depois roupagem de acordo com a sua ascendência fidalga. A partir do princípio do século XVIII verifica-se uma tendência para a uniformização do traje: chapéu de feltro desabado, com abundantes plumas, corpete de veludo bordado a pérolas, capa curta a cobrir o cabeção de renda, calção tufado e bota de cano alto, de larga boca e a tapar francamente o joelho. O espavento luxuoso da corte de Luís XIV e de Luis XV viria a influenciar sobremaneira a indumentária. Assim, a partir do reinado de D. João V, com poucas alterações, o traje do cavaleiro manteve-se até aos nossos dias. Com o aparecimento dos cavaleiros profissionais (fins do século XVIII), é-lhes negado o uso da indumentária dos nobres, trajando de maneira diferente: chapéu bicórnio com penachos, bota de cano alto até ao joelho, sobrecasaca, calção justo de malha e colete branco. O prestígio e a aceitação ganhos pelos profissionais foi conquistando pouco a pouco o público… e as peças da indumentária dos fidalgos, excepto o tricórnio. Seria o cavaleiro José António Lima, em 1870, quem primeiro se apresentaria com o traje completo usado pelos amadores-fidalgos, incluindo o tricórnio. Outro cavaleiro profissional, José Maria Casimiro Monteiro, substitui anos depois a polaina de pelica branca pela bota de cano alto e salto de prateleira, cuja configuração actual se deve a Carlos Relvas. João Núncio, anos depois de tomar a alternativa (1923), acaba com as cabeleiras empoadas e as luvas brancas.

No início da 2ª década do século XX, os amadores abandonam a indumentária que lhes era própria, agora indistintamente usada por nobres e plebeus, e passam a vestir ou o traje do campo (quer português quer espanhol) ou uma jaqueta de veludo, calção de malha, bota alta e chapéu de abas largas. O traje actual é o já descrito, mistura de casaca francesa e bota de inspiração inglesa, a que o salto de prateleira imprime um cunho português.

09.Como é constituído o traje de um matador?

Traje de Luzes (Toureio a Pé)

O traje actual dos toureiros pé poucas é composto por montera, coleta, camisa, colete, jaqueta, faixa, capote de passeio, calção, meias e sapatilhas. A montera: espécie de chapéu feito de veludo e passamanaria, tendo dos dois lados duas borlas, os machos.

Capote de Passeio - feito em seda e bordados muito elaborados e vistosos. É utilizado pelo matadores, novilheiros e bandarilheiros durante as cortesias (o desfile inicial da corrida). Depois são colocados nas barreiras das praças para servirem de ornamentação durante a corrida.

Coleta: trança de cabelo que se vê sobre a nuca de todos os toureiros que apenas participam na corrida à espanhola. Camisa: é branca e bordada, com um folho.
Colete: bordado com sobriedade e atacado com colchetes.
Gravata (corbatin): é fina e de cor. Também chamada pañoleta quando era de grandes laçadas e de larga pontas caídas.
Jaqueta: designada em Espanha, apenas no caso dos toureiros a pé por Jaquetilla. Forrada interiormente por fortes entretelas que lhe dão o ar de couraça, cai directa até à cintura e bem justa ao tronco. Está revestida de cetim de cor, ornada com catorze alamares (caireles), motivos que se repetem em toda a orla inferior.
A jaquetilla é ainda bordada nas costas e possui duas pequenas algibeiras também ornamentadas. As mangas são também ricamente bordadas e ornamentadas, das quais pendem borlas (machos).
Calção: também chamado taleguilla é da cor da jaqueta e colete, bem justo às pernas e aberto dos lados cerca de 15 cm acima dos joelhos.
Faixa: é um simples lenço de cor, atado à cintura com um nó.
Meias: de seda, cor de rosa, e com baguete.
Sapatilhas: de pelica preta, sem salto, abertas e com um pequeno laço.

Os trajes de matadores são bordados a fio de ouro, podendo sê-lo também a prata ou a cordão. Aos subalternos (bandarilheiros) não podem vestir fatos bordados a ouro, usando bordados de prata ou azavache. 

10.Como é constituída a farda de um forcado?

É composto por barrete verde com orla encarnada, camisa branca, gravata, jaqueta de ramagens, calção, meia branca (até ao joelho) rendada, sapatos de prateleira e cinta encarnada. Acompanha ainda com o Forcado. Nas cortesias cada moço de forcado segura na mão direita o forcado, uma vara de madeira com uma bifurcação de metal na ponta. É deste objecto que deriva o nome dos "Forcados". 

11.Como é constituído o traje de um campino?

O traje do campino é dos mais sugestivos de Portugal: barrete verde com carapinha (orla) encarnada; camisa branca com colarinho redondo; corpete branco com ilhoses, atacado com cordões encarnados; colete encarnado com desenhos nos bolsos e nas costas, feitos com fita estreita de cetim preto, apertando com botões de metal, sobre o qual o campino ostenta, do lado esquerdo, uma chapa com o ferro da sua casa agrícola a que pertence; calção azul-escuro com uma fileira de três ou quatro botões sobre a costura e a partir do joelho; cinta (ou faixa) encarnada franjada, bem apertada, tendo o cuidado (pormenor importante que distingue os campinos de outros rurais) de esconder os cadilhos; meia alta, branca e rendada, a ultrapassar o joelho em três, quatro dedos, e sapato preto (hoje em dia raro) ou de vitela ensebada, com salto de prateleira (o tacão fica ligeiramente saliente para os lados) e esporas à portuguesa. A jaleca, ou jaqueta, de fazenda azul, é usada em geral sobre o ombro esquerdo, para que a mão direita possa manejar a única arma do campino: a vara, ou pampilho.