tauromaquia

o touro

O touro bravo é um animal mitológico, profundamente admirado e respeitado pelos aficionados. Salvo da extinção devido às touradas, é hoje um importante símbolo ecológico e da proteção da biodiversidade da lezíria e do montado. Conhece melhor este animal extraordinário. 

01.Qual a origem do Touro Bravo?

O touro bravo, ou touro de lide, enquadra-se na espécie Bos Taurus. Descende de um animal primitivo, que habitava em liberdade nos bosques de Europa, Ásia e África e que recebeu a denominação de Uro ou Auroque (Bos Primigenius), como era designado pelos povos da Gália. O seu significado etimológico pode traduzir-se como touro selvagem. O Auroque é um dos animais mais retratados na arte do paleolítico, como se pode constatar nas grutas de Lascaux (15.000-13.000 A.C., França) ou Altamira (18.500-13.000 A.C., Espanha) e na arte rupestre do Vale do Côa (18.000-15.000 A.C., Portugal).

Eram animais de comportamento agressivo e de grande estatura, sendo que a altura média dos machos rondava os 1,80 metros e teriam um peso em redor dos 1000 quilos. Tinham pelagem negra ou flava (alaranjada), com uma lista clara sobre o lombo e uma grande encornadura, com os cornos a poderem medir cerca de 80 centímetros. O Auroque viveu na Ásia (Mesopotâmia), em África (Egipto) e na Europa, chegando ao nosso continente proveniente da Mesopotâmia e Ásia Menor em sucessivas migrações. Há autores que defendem que terá chegado à Península Ibérica vindo do norte de África através do estreito de Gibraltar. O Auroque extinguiu-se no século XVII. O último Auroque foi caçado em 1627, na Polónia, no bosque Jaktorowka.

O touro bravo actual, descendente deste bovino ancestral, foi salvo da extinção devido à sua participação nas touradas, tendo desaparecido de todos os países onde não existem corridas de touros.

02.Qual a evolução do Touro?

As ganadarias de toiros bravos surgem com a profissionalização do toureio a pé nos meados do século XVIII. Antes desta época o toiro era um animal silvestre, que vivia nos bosques da península ibérica.  O touro bravo que hoje conhecemos é o resultado de mais de três séculos de cuidadosa selecção dos ganadeiros (pessoas que criam os toiros), que ao longo deste tempo foram selecionando caracteres comportamentais e morfológicos (aspecto) deste animal, numa busca constante pela bravura. Deste modo, hoje, podemos dizer que o toiro é cultura, ou seja, é o resultado da mistura entre as características naturais deste animal extraordinário e a acção do homem, na sua selecção.

03.O que são as castas (raças) fundacionais?

As pessoas que não conhecem o mundo da tauromaquia podem achar que os touros são praticamente todos iguais, mas tal não é verdade. Os touros possuem diferenças significativas entre si, de acordo com a casta (raça) a que pertencem. Diferenças essas que vão desde o comportamento do touro, até ao seu aspecto exterior, como por exemplo as cores das pelagens.

As castas (raças) fundacionais, ou seja, aquelas de onde derivam todos os touros bravos que hoje existem, são as castas originárias de Espanha (Casta Navarra, a Casta Morucha Castelhana, a Casta Jijona, a Casta Cabrera, a Casta Vazqueña, a Casta Vistahermosa) a Casta Portuguesa (Portugal) e a Casta Camarguesa (França).

Com o passar dos séculos e com a evolução do toureio, o toiro da casta Vistahermosa impôs-se de forma esmagadora, acima de tudo porque a sua bravura era muito maior que a das outras castas. Além disso, a sua nobreza e mobilidade fizeram dele o único tipo de toiro apto para o toureio contemporâneo.

04.Como se criam os Touros?

A criação do toiro bravo é reconhecida como uma forma de criação animal de excelência, quer pela promoção do bem-estar animal, quer pelo seu impacto ecológico e preservação da biodiversidade.

O toiro bravo é criado em regime extensivo (em liberdade) em grandes extensões de montado e lezíria, contribuindo para a preservação do ecossistema do montado e da  lezíria, e da biodiversidade das espécies de fauna e flora que neles habitam. Em redor do toiro bravo desenvolvem-se outros animais como o veado, o javali, a lebre, o grou… A UE define como critério de bem-estar animal para a criação de um bovino que este possua um espaço de 9m2. Em Portugal cada toiro tem em média 30.000 m2 de espaço para viver. Um diferença gigantesca. Todos estes dados fazem com que o toiro de lide seja o animal criado pelo homem com maior bem-estar.

Várias ganadarias encontram-se situadas em terrenos da Rede Natura 2000 (rede ecológica para o espaço comunitário da União Europeia que tem como finalidade assegurar a conservação a longo prazo das espécies e dos habitats mais ameaçados da Europa, contribuindo para parar a perda de biodiversidade) e algumas delas estão ligadas a programas de conservação da natureza e de espécies em risco de extinção, como é o caso do lince ibérico e do abutre negro.

Nenhum outro animal criado pelo homem é criado em tão grandes extensões de terreno. Na verdade, a criação do touro bravo é um caso absolutamente exemplar de criação animal com elevados índices de bem-estar animal, sendo um guardião da biodiversidade.

05.Como evoluíu a ganadaria brava em Portugal?

A princípios do século XIX, começam a surgir os primeiros nomes de ganadeiros portugueses. Possuindo touros da terra, lidavam a cavalo os mais agressivos ou castravam os mais mansos para os trabalhos de campo. Em 1830, o rei D. Fernando VII de Espanha, dono da ganadaria de Vicente José Vazquez, iniciador da casta Vazqueña, ofereceu um lote de 50 vacas e 2 sementais da melhor nota, ao seu sobrinho D. Miguel I, rei de Portugal. Para alguns estudiosos o toiro que resultou da cruza do toiro da terra com os vazqueños, é o que se deve considerar como toiro de casta portuguesa. A dispersão da casta vazqueña, tendo melhorado algumas vacadas, contribuiu no entanto, para o desaparecimento quase total da casta portuguesa.

Outras ganadarias tiveram relevância, no que à casta portuguesa diz respeito, como a ganadaria de Rafael José da Cunha (1830) importante criador cuja ganadaria deu origem a outras ganadarias de Casta Portuguesa, nomeadamente Infante da Câmara (pai) (1858). A ganadaria do Marquês de Vagos (início séc. XIX), que deu origem à ganadaria Vaz Monteiro, fundada em 1840,  que continua a criar toiros de Casta Portuguesa, sendo actualmente a ganadaria portuguesa mais antiga ainda no activo. A ganadaria de Norberto Pedroso (1911), que originou um encaste próprio, que ainda existe, e que podemos ver nas actuais ganadarias dos Irmãos Dias (1976), em maior pureza, e Vale do Sorraia (1970). Estas ganadarias com sangue de Casta Portuguesa preservam um património genético único no mundo., que importa preservar.

Em 1871, José Pereira Palha Blanco filho de António José Pereira Palha, fundador da ganadaria Palha (1848), era possuidor de touros da terra e adquiriu vacas vazqueñas, cruzando-as primeiro com um semental da ganadaria de Concha y Sierra (1863, encaste Veragua) e depois com vários sementais de Miura (1842). José Pereira Palha Blanco teve grande impacto na ganadaria brava portuguesa por ter introduzido em Portugal, no final do século XIX, os princípios básicos de selecção no Toiro de Lide, à imagem do que se fazia em Espanha. Os Palhas alcançaram grande reputação em Espanha e França, que ainda hoje se mantém. A selecção do toiro bravo em Portugal iniciou-se cerca de um século mais tarde que em Espanha.

Com o advento do século XX e a crescente importância do último tércio da corrida em España, os ganadeiros lusitanos optaram por comprar sementais e vacas aos ganadeiros andaluzes.

Importa referir os nomes de ganadarias que deram fortes contributos para o desenvolvimento e diversidade da ganadaria brava em Portugal: a Ganadaria Pinto Barreiros (1931) pela introdução do sangue Ibarra-Parladé em Portugal e pela sua grande difusão entre as ganadarias portugueses, através da venda de vacas e sementais, o que levou a que fosse chamada de "ganadaria-mãe" das ganadarias portuguesas. Na difusão do mesmo sangue tiveram grande importância a ganadaria Oliveira Irmãos (1944) e António Silva (1946). A ganadaria de Alves do Rio (1916) responsável pela difusão do sangue Tamarón em Portugal. A ganadaria Vinhas (1946) por ser a única representante em Portugal do encaste Santa Coloma – Buendia. A ganadaria Cabral Ascenção (1951) ganadaria com um cruzamento de Oliveira Irmãos (C. Vistahermosa) com Soler (Presença significativa de sangue de C. Jijona). A ganadaria Fernando Palha (1962) ganadaria única que preserva algo de Casta Vasquenha em Portugal.

Actualmente existem em Portugal 110 ganadarias de lide, ocupando cerca de 70.000 hectares hectares de montado e lezíria.

06.O Touro sofre nas touradas?

De acordo com os estudos científicos mais recentes sobre o toiro bravo (Illera del Portal e Gil Cabrera, Uni. Complutense de Madrid), sabemos que este tem reações hormonais únicas no reino animal (que lhe permitem anestesiar-se quase imediatamente).

Sabemos, por exemplo, que este tem um hipotálamo (parte do cérebro que sintetiza as neurohormonas encarregues, nomeadamente, da regulação das funções de stress ou de defesa), 20% superior ao de todos os outros bovinos, e que, por isso, tem uma capacidade superior de segregação de beta-endorfinas (hormona e anestesiaste natural encarregada de bloquear os receptores da dor) o que faz com que o toiro perante a colocação de uma bandarilha redobre as suas investidas em vez de fugir, que é a reação natural de qualquer animal à dor.

O toiro é selecionado tendo em conta a sua combatividade, sendo um animal que tem evoluído, ao longo dos séculos, estando fisiologicamente adaptado para a lide.

07.Como se caracteriza o comportamento do Touro Bravo?

O touro de lide, ou touro bravo, é um animal com grande sentido do território. É naturalmente agressivo. Quando vê o seu espaço invadido, ataca qualquer provável intruso para matar. Apesar de ser um herbívoro, o touro bravo é dos poucos animais que possui este instinto agressivo, atacando em vez de fugir, como é comum nos herbívoros. É este comportamento agressivo que possibilita a existência da tauromaquia.

08.Como se caracteriza fisicamente o Touro Bravo?

De um modo geral o toiro de lide apresenta uma morfologia variada. Podem ser apreciadas pelagens de cores distintas ainda que a negra seja predominante. As hastes são bem desenvolvidas e podem surgir em várias formas, grossura, cor e comprimento. Podem surgir exemplares com tamanhos a variar entre o pequeno e o grande. Geralmente o terço anterior do toiro de lide é mais desenvolvido que o posterior para favorecer a investida e o desempenho físico nas touradas.

09.Como se seleccionam os Touros?

O surgimento das Ganadarias Bravas promoveu uma das primeiras formas de selecção zootécnica a nível mundial. A selecção da raça Brava desenvolvida pelas ganadarias nos últimos 300 anos é um amplo legado cultural, pois a selecção do touro bravo é inversa à selecção dos outros bovinos mansos. Por isso, a ganadaria brava preservou aspectos comportamentais, morfológicos e funcionais do bovino primitivo que foram eliminados na selecção das demais raças bovinas, nomeadamente o carácter agressivo, o desenvolvimento das hastes e o deslocamento a galope.

A selecção do carácter agressivo do touro bravo pelo Homem deu origem à Bravura. Este é um conceito de difícil definição e mutável ao longo do tempo. Um touro considerado bravo no século XIX dificilmente assim seria entendido nos dias de hoje. De uma forma simples pode dizer-se que a bravura é a capacidade do touro bravo de combater de forma destemida e valente. Mais concretamente, pode considerar-se que a bravura é um conjunto de características que o touro bravo deve possuir, como a capacidade de acometer, a mobilidade, a nobreza, o recorrido, a transmissão, a ferocidade, a fijeza, entre outras.

10.Que nome se dá a um Touro segundo a sua idade?

Do nascimento à idade adulta, o touro bravo passa por diversas transformações quer no seu aspecto físico, quer no seu comportamento. A gestação na raça brava dura sensivelmente 9 meses. No momento do parto a vaca brava afasta-se e busca a proteção de uma zona de difícil acesso, protegida pela vegetação. Aí tem a sua cria rapidamente, ingerindo a placenta para evitar que algum predador possa detectar a cria recém-nascida. Até se erguer, a cria permanece deitada no solo, também para evitar ser detectada por predadores. A bravura que as crias de touro bravo carregam nos seus genes é tal que, em vários casos, pequenos bezerros, com poucas horas de vida, investem e atacam oponentes muito maiores, como sejam humanos ou até jeeps.

De acordo com a sua idade os touros e vacas bravas têm o seguintes nomes: Añojo/Añoja (bezerro/bezerra com 1 ano de idade); Eral/Erala (garraio/garraia com 2 anos de idade); Utrero/Utrera (novilho/ novilha com 3 anos de idade); Cuatreño/Cuatreña (toiro/vaca brava com 4 anos de idade); Cinqueño/Cinqueña (toiro/vaca brava com 5 anos de idade). Considera-se que um touro atinge a idade adulta ao cumprir 4 anos de idade.

11.Como é constituída uma ganadaria?

O efectivo de uma ganadaria é constituído por um certo número de sementais (touros reprodutores), vacas de ventre (as vacas que já pariram pelo menos uma cria), bezerros, novilhos e toiros. 

12.Quanto tempo vive um animal de raça brava?

Em relação aos restantes bovinos, o touro bravo tem uma vida muito mais longa com um nível de bem-estar imbatível. Enquanto as raças bovinas de carne vivem no máximo 2 anos, os machos da raça brava, os únicos que são lidados nas praças de touros, vivem em média 4 anos, enquanto as fêmeas, que não são lidadas, vivem toda a sua vida em liberdade no campo. Numa ganadaria que possua 350 cabeças de gado bravo, em média, só 40 animais são lidados, por ano, ou seja, só cerca de 11% dos animais de raça brava irão à praça. Os poucos que são lidados possibilitam que os restantes vivam toda a sua vida no campo. 

13.Quais as principais faenas (tarefas) nas ganadarias?

A vida diária de uma ganadaria é marcada pela vida do toiro, das vacas e dos bezerros.

Faenas Camperas é a designação dada às tarefas executadas nas ganadarias bravas com o gado bravo. Podem ser consideradas faenas camperas o desmame dos bezerros (momento em que estes são separados das vacas), a colocação dos brincos de identificação nas orelhas, as mudas de animais entre cercas, entre outras. No entanto, existem duas faenas camperas que são cruciais nas ganadarias bravas: A ferra e a tenta. 

A Ferra tem como finalidade identificar os animais visto ser o método mais eficaz para a identificação do gado bravo. Esta tarefa realiza-se quando as reses têm cerca de 1 ano de idade. Nesta faena as reses bravas, geralmente são marcadas no lado direito com o ferro da ganadaria, no membro posterior, numeração particular no costado, número referente ao ano de nascimento no membro anterior e ferro do Livro Genealógico marcado na garupa ou pescoço (em Portugal o ferro possui a letra "P").

A Tenta tem como objectivo avaliar as condições de bravura dos futuros reprodutores. Geralmente são tentadas todas as fêmeas com cerca de 2 anos de idade. A tenta de machos é rara. A tenta na maioria das vezes é praticada em tentadeiros (pequena praça, no entanto também pode ser realizada em amplas pastagens, designando-se assim "tenta a campo aberto". Na tenta as vacas bravas são testadas no picador e de seguida lidadas de muleta por um matador de touros ou novilheiro. Desta forma, o ganadeiro procura identificar se as reses possuem as características comportamentais que procura para a sua ganadaria. As vacas aprovadas mantêm-se na ganadaria, onde viverão o resto da sua vida. Aqui irão reproduzir-se dando origem aos futuros touros. 

Ambas as tarefas são momentos sociais de destaque vida da ganadaria, sendo habitual o ganadeiro convidar amigos e outros elementos do seu círculo social para assistirem a estas faunas, que se prolongam no convívio pelo almoço e em longas tertúlias.

14.Que nome se dá aos Touros segundo o seu aspecto e dimensões?

CABEÇA
Carifosco - com a testa peluda e encaracolada.
Chato - com o focinho pequeno.
Meleno ou Grenhudo - como se tivesse uma franja.

PESCOÇO
Alto ou Baixo de Agulhas - com a cruz (espádua) muito ou pouco pronunciada.
Badanudo - com muita papada ou pele na zona do pescoço.
Degolado - com pouca papada.
Engaitado - com o pescoço grosso e levantado.
Enmorrilhado - com o morrilho muito desenvolvido.

TRONCO
Acochinado - com aspecto gordo.
Agalgado - com o ventro recolhido, como um galgo.
Cortejano - pouco desenvolvido mas bem proporcionado.
Hondo - com o peito muito grande e uma caixa torácica grande.
Lomitendido - de lombo curto.
Terciado - pouco desenvolvido ou mal proporcionado.

EXTREMIDADES
Aleonado - com o terço anterior muito desenvolvido.
Bom Moço - com muita alçada e proporcionada.
Fino de Cabos - com patas e canelas delgadas.
Lunanco - com as cadeiras elevadas.
Zancudo - de patas largas, deselegante .

RABO
Colin - quando parece ter o rabo cortado.
Rabicorto - quando a cauda é mais curta do que o habitual.
Rabilargo - que arrasta a cauda quando parado.
Rabón - que não tem cauda.

15.Que nome se dá aos diferentes tipos de cornos dos Touros?

Pela COR:
ASTIBLANCO - toiro com os cornos de cor esbranquiçada, excepto os pitons (as pontas).
ASTINEGRO - com cornos negros.
ASTISUCIO - cornos de cor confusa, difícil de definir.
ACARAMELADO - cor de caramelo, mais ou menos claro.

Pelo COMPRIMENTO:
CORNICORTO - toiro com os cornos mais curtos do que o habitual.
CORNALÃO - com os cornos muito compridos.
DESTARTALADO - com os cornos excessivamente compridos.
ZURDO - com um corno mais pequeno que o outro. 

Pela GROSSURA:
ASTIFINO - toiro com as pontas dos cornos muito afiadas.
ASTIGORDO - com uma grossura maior do que o habitual.

Pela DIRECÇÃO:
Se tiverem uma direção para cima podem ser:
TOCADO -  toiro com as pontas dos cornos ligeiramente levantadas.
VELETO - com os cornos, a partir do meio, dirigidos para cima.

Se tiverem uma direção para baixo podem ser:
CAÍDO - toiro com os cornos ligeiramente inclinados para o chão.
CAPACHO - com os cornos caídos e afastados. 
CORNIGACHO - com os cornos muito caídos como ramos.

Se tiverem uma direção para trás podem ser:
CORNIVUELTO - toiro com os cornos virados para cima e os pitons (pontas) virados para trás. 

Pela DISTÂNCIA:
Com pouca distância entre as pontas dos cornos:
CORNIAPRETADO - toiro com os pitons (pontas) estão muito próximas.
BROCHO - Corniapretado e caído.
CUBERO - Muito Brocho.

Com muita distância entre as pontas dos cornos:
CORNIABERTO - toiro com os pitons (pontas) muito afastadas.
PALETO - com os cornos quase rectos para os lados.
PLAYERO - Paleto e caído.
CORNIPASO - com os cornos torcidos para os lados.

Pela ZONA onde nascem:
Dianteira
CORNIDELANTERO ou ASTILHANO se as cepas (base dos cornos) nascem mais à frente do que é habitual. 

Traseira
CORNITRASERO - os cornos nascem mais atrás do que é habitual.
CORNIAVACADO - Cornitrasero que também é Veleto e Corniaberto. 

Pela ALTURA:
BIZCO - toiro que tem um corno mais baixo que o outro

Pelos DEFEITOS:
DESPITORRADO - toiro que tem um dos cornos partidos, mas que conserva ainda alguma parte da ponta.
DESCEPADO - corno partido pela cepa (base ou raiz).
ASTILHADO - toiro que que um piton (pontas) ou ambos astilhados (com lascas).
ESCOVILHADO - com muitas astilhas (lascas) nos pitons, terminando o corno como uma escova.
HORMIGÃO - com as pontas dos cornos carcomidas pelo hormiguilo (doença dos tecido córneo).

16.Que nome se dá às cores das pelagens dos Touros?

As pelagens dos toiros podem ter as seguintes cores: Preta, Flava, Vermelha, Branca e Castanha. Estão são simples se o toiro tiver uma pelagem com uma só destas cores, ou compostas se a pelagem do toiro tiver uma mistura de duas ou mais cores.

A cor geral predominante, as particularidades e sinais das pelagens dos bovinos bravos, constitui um conjunto também designado por PINTA, CAPA ou PELAME. 

A – Pelagens Simples
PRETA
Constituída por pêlos da cor que o nome indica e que é, indubitavelmente, a mais vulgar. Conforme a sua tonalidade assim receberão diferentes designações complementares:
PRETA MULATA - cor baça acastanhada
PRETA AZEVICHADA ou ANDORINHA - cor de azeviche
PRETA ZAINA - cor de mate puro, completamente negra, sem pêlos de outra coloração.

FLAVA 
É a pelagem amarela ou amarelada (tom castanho e vermelho) a que corresponde por regra a um nariz claro:
FLAVA TORRADA - a mais escura
FLAVA PALHIÇA ou PALHADA - semelhante à cor da palha
FLAVA CEREJA ou LARANJA - tonalidade alaranjada
FLAVA LAVADA - quando existe uma descoloração ou degradação da tonalidade principal, normalmente a nível da garupa, axilas e extremidades

VERMELHA
É uma coloração mais vulgar em raças mansas: 
RETINTA - tonalidade mais intensa e escura
VERMELHA - tonalidade mais esbatida e clara

BRANCA
Encontra-se esta pelagem, no que concerne à raça brava, quase sempre misturada em várias tonalidades, o que por vezes leva a crer serem pelagens distintas:
PERLINA ou ENSANBANADA - pelagem exclusivamente branca (rara)
BARROSA - tonalidade mais escura, semelhante à cinza
BORRALHA - semelhante ao café com muito leite.

CASTANHA
A pelagem castanha é aquela em que a coloração é semelhante à da casca de castanha, situação muito rara na raça brava:
CASTANHOS MOURISCOS ou ALDINEGROS - tonalidade muito mais escura na cabeça, pescoço, extremidades e, alguns, do meio corpo para baixo e a todo o comprimento.
TORRADAS, RETINTOS ou FUSCOS - castanho escuro
JAROS - castanho claro esbatido 
PISCOS - castanho avermelhado

B – Pelagens Compostas
Estas pelagens são, como o seu nome indica, aquelas que apresentam uma mistura de duas ou três cores, designando-se, por BICOLORES ou TRICOLORES.

ENTREPELADA - É definida pela mistura ligeira de pêlos brancos sobre um fundo de outra coloração principal que dará o nome à pelagem. Exemplos: PRETA ENTREPELADA, CASTANHA ENTREPELADA, VERMELHA ENTREPELADA, etc.

SALGADA, SARA OU CARDIMA - Quando os pêlos brancos e pretos se encontram bastante misturados criando uma cor ruça, características de alguns encastes.

ROSILHA - É definida pela mistura de pêlos brancos e vermelhos.

FULVA - Pelagem rara na raça brava e que se define pela mistura de pêlos amarelos e vermelhos.

RUCILHA - É a mistura tricolor de pêlos brancos, vermelhos e pretos, facto que quase sempre ocorre formando pequenas malhas, o que leva alguns autores a considerá-la uma pelagem mista.

C – Pelagens Mistas
São as pelagens que agrupam uma coloração simples com pelos de diferentes cores, sob a forma de manchas (maiores ou menores). 

MALHADA - Recebe a designação consoante o predomínio das malhas. Assim, temos a PRETA MALHADA, CASTANHA MALHADA, FLAVA MALHADA, etc., se as primeiras são as cores dominantes ou, MALHADA DE PRETO, MALHADA DE CASTANHO, MALHADA DE FLAVO, etc., se as malhas dominam a restante coloração.

ROSEIRA OU MIL FLORES - Denominação aplicada quando as malhas são pequenas e de cor branca e vermelha.

SARDA OU TARTARUGA - Quando as malhas são pequenas e em associação de preto, castanho e branco.

ESTORNINHA - Se em fundo preto ocorrem pequenas malhas brancas. O seu aspecto poderá ser SALPICADA ou NEVADA, consoante a intensidade dessas manchas.

MOSQUEADA - São as pelagens em que sobre um fundo branco se apresentam pequenas malhas pretas, disseminadas por todo o corpo. Por vezes assumem a forma de pequenos lunares – PELAGEM ALUNARADA.

MARCHANA - É caracterizada pela ocorrência de uma malha lateral sobre pelagem preta. 

17.Que nome se dá às pelagens dos Touros segundo a sua localização?

Para além das pelagens simples, compostas e mistas, a pelagem dos toiros podem ter várias particularidades que ajudam a melhor identificar o toiro. Elas são a consequência da presença de pelos de cores diferentes em determinadas regiões do corpo. 

A - Particularidades da Cabeça
CARAÇA – pelagem da cara quando é inteiramente branca e o restante de outra coloração.

CARINEGRA ou FUSCA – quando a pelagem da cara é preta e o restante de outra cor. 

CHAMUSCA – designação aplicada às pelagens flavas ou vermelhas, em que a cara apresenta riscas ou manchas pretas e escuras.

ESTRELADA – quando ocorre uma mancha branca de forma regular na cara de coloração diferente.

FACADA – quando a mancha anterior (estrelada)tem forma irregular ou de fita.

SILVADA – se a cara apresenta pequenas manchas brancas de aspecto nevado.

BOCALVA – focinho de coloração clara ou dourada, distinta da restante.

BOCINEGRA – quando a coloração do focinho é negra, contrastando com a restante.

ENCOLEIRADA – refere-se à existência de pêlos brancos invadindo o pescoço em forma de colarinho.

CAPUCHINHA – cabeça com coloração diferente da restante.

CAPIROTE – cabeça e pescoço com coloração distinta da restante.

B - Particularidades do Corpo e Extremidades
LISTÃ – quando existe uma lista no lombo de coloração diferente.

LOMBARDA – se essa lista se alarga por toda a lombada.

ALBARDADA – quando a lista anterior se alarga pelo lombo e dorso em forma de albarda.

APARELHADA – designa a pelagem com a particularidade de larga lista branca que percorre todo o lombo e se alarga até à garupa.

RAIADA – pelagem que apresenta listas verticais ou horizontais de cor diferente da dominante.

BRAGADA – quando existem manchas brancas no ventre. Quando é a todo o comprimento designa-se BRAGADA CORRIDA.

MEANA – quando existem pelos brancos ao redor dos órgãos genitais

RABICANA – quando existem pêlos brancos disseminados por toda a cauda.

REBARBA – quando os pêlos brancos da cauda existem em conjunto com um focinho claro.

RABALVA – se a ponta da cauda e borla apresentam pelos brancos.

C - Particularidades dos Membros
CALÇADA – quando as extremidades dos membros são brancas.

BOTINERA – se essas extremidades são pretas ou mais escuras que o resto do corpo.

18.Que nome se dá aos sons emitidos pelos Touros?

Os toiros bravos emitem vários tipos de sons, em diversas situações, tendo significados diferentes:

Rebufe - bufido do toiro. Bufar é respirar com ira, expressando a agressividade do toiro.

Mugido - som que significa queixa. 

Bramido - Som irritado do toiro, muito característico da época do cio e acasalamento.

Piteo - Quando o bramido é agudo e ininterrupto.

Verraqueo - Sons semelhantes ao grunhir do porco, que indica enfado.

19.Que nomes se dão ao Touros segundo o seu comportamento na praça?

Em Praça, o toiro passa por três estados:
LEVANTADO - quando sai do curro de cabeça erguida, olhando para todo o lado, sem se fixar e correndo pela praça.
PARADO - já não acode sem sentido, mas sim ao cite dos toureiros, fixando-se e seguindo o engano que lhe põem à frente. É o momento propício para tourear. 
APLOMADO - quando se move com maior lentidão ou não acode aos cites, a não ser quando estes são feitos mais de perto. 

Durante a lide o toiro pode revelar-se:
BRAVO - se acomete com raiva e determinação
BOIANTE - se é claro, nobre e franco
ABANTO - se investe para os capotes com desinteresse, bufa e foge
AVISADO - o que se apercebe rapidamente dos vultos e investe pronto, devido por vezes ao excesso de capotazos
MANSO - o que por falta de bravura, não investe
PASTUEÑO - se é muito suave na investida
PROBÓN - o que insistentemente move a cabeça, como se fosse arrancar, mas tarda em fazê-lo
SOLTO - quando se desinteressa do engano e sai disparado das sortes
CODICIOSO - o que demonstra desejo em colher e que, pelo seu temperamento, investe sempre
COM SENTIDO - o que não faz caso do engano (muleta ou capote) e procura o toureiro
NOBRE - o que apenas segue o engano
QUEDADO - o que investe, mas fica parado a meio da sorte
VOLUNTÁRIO - o que investe sem que para isso seja obrigado, quase se confundindo com o toiro bravo