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Abril. 23. 2020 Abril. 23
1800 artistas e Profissionais Tauromáquicos escrevem carta à Ministra da Cultura

Artistas e profissionais da Associação Nacional de Toureiros, Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquico e Associação Nacional de Grupos de Forcados escreveram uma carta aberta à Ministra da Cultura pedindo uma reunião para apresentarem um plano de medidas para esta fase de crise e para o momento da retoma dos espectáculos. "

"Não deixar de forma nenhuma que o cancelamento de atividades culturais sejam uma tragédia para Portugal", referem os artistas na carta que podes ler na integra. 

Exma. Sra. Ministra da Cultura Graça Fonseca,

Somos cerca de 1800 artistas e profissionais da Tauromaquia, representados nas associações abaixo assinadas, e decidimos vir por este meio endereçar-lhe uma carta pública com o intuito de partilhar consigo parte do ADN da cultura portuguesa.

Somos uma das áreas mais originais e autênticas da cultura portuguesa e uma das poucas áreas culturais que não têm programas de apoio. Incorporamos quase 100% de mão de obra nacional, exportamos cultura portuguesa, contribuindo para a divulgação da nossa cultura e para o equilíbrio da balança comercial. Fomentamos o turismo e temos de um impacto económico directo e indirecto de muitos milhões de euros, criando emprego e riqueza, muitas vezes em regiões deprimidas do interior. 

Estamos a viver tempos críticos e a cultura, tal como a Exma. Sra. Ministra da Cultura Graça Fonseca afirmou, terá um papel crucial quando o estado de emergência terminar. "A cultura tem o papel fundamental de devolver confiança às pessoas. Vamos querer sair, vamos querer festejar, estar na rua", disse ao Observador.

Queremos promover a confiança, o festejo e a felicidade das pessoas porque é nestes momentos mais difíceis que a cultura é mais precisa do que nunca. Ela é "o alimento de primeira necessidade para a saúde mental" e não nos podemos esquecer disso.

"O cancelamento de todas as atividades culturais do país sobretudo em territórios mais distantes dos centros urbanos é um desastre económico", explicou vossa excelência, mais uma vez ao Observador, e nós - os artistas e profissionais da Tauromaquia - assinamos por baixo. 

É tempo de "pegar o touro pelos cornos", ir à luta, e muito importante, não deixar de forma nenhuma que o cancelamento de atividades culturais sejam uma tragédia para Portugal.

Representamos economia e emprego com uma implementação territorial diversa, entre norte e sul, urbano e interior. E aqui passamos a citá-la novamente: "Para alguns territórios, até mais do interior, a economia local tem um fortíssimo contributo de atividades culturais [por exemplo] de um festival, de uma bienal, de um conjunto de atividades que acontecem com bastante regularidade, já para não falar em tudo o que são eventos de natureza mais local", declarou ao mesmo órgão de comunicação.

A nossa atividade é muito particular. Por exemplo é sazonal e, por esse motivo, é mais afetada pela paragem total dos espectáculos. As largas dezenas de espectáculos já perdidos e os que ainda não serão realizados, são impossíveis de recuperar. Este infortúnio retira-nos meios para obter receitas e suportar custos com um valor elevado, como a alimentação e manutenção de cavalos, a preparação técnica e artística, as equipas de tratadores, veterinários entre muitos outros. A preparação da produção dos espectáculos desta temporada já foi iniciada há largos meses e a sua não realização acarreta avultados prejuízos em investimentos perdidos e reduções drásticas de receitas. 

Para vossa excelência estar a par, cada corrida de toiros precisa de cerca de 170 intervenientes diretos. É urgente que se tomem medidas de apoio nesta fase, que tenham em conta as particularidades deste setor que tutela, e é necessário preparar a fase de retoma dos espectáculos com medidas adaptadas, por exemplo corrigindo com urgência o IVA dos espectáculos tauromáquicos para 6%, que é agora uma medida incontornável de apoio social à cultura e aos artistas.

Toureiros, empresários, pessoal técnico, campinos, artesãos e alfaiates…e, sem esquecer os forcados amadores, todos são fundamentais para a existência da cultura taurina, tal como o para o efeito económico e riqueza que gera, alimentando famílias e regiões. 

Temos várias propostas de medidas que queremos partilhar pessoalmente com vossa excelência e esperamos que aceite discuti-las como decorre da sua obrigação governativa de tutela deste setor.

Terminamos esta carta com um pedido importante. Solicitamos, uma vez mais, uma reunião com a Exma. Sra. Ministra da Cultura para ouvir os artistas e profissionais deste setor cultural e perceber o motivo pelo qual fazemos parte do ADN da cultura portuguesa.


Agradecendo desde já toda a atenção dispensada,
Cordialmente aguardamos a resposta de sua excelência,

Associação Nacional de Toureiros
Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos
Associação Nacional de Grupos de Forcados