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Maio. 29. 2020 Maio. 29
PróToiro esteve presente na Comissão de Cultura

A PróToiro esteve hoje presente da Comissão de Cultura e Comunicação. A representar o setor tauromáquico estiveram Nuno Pardal, Presidente da Associação Nacional de Toureiros e Helder Milheiro, Secretário-Geral da PróToiro. 

Após uma primeira intervenção de ambos os representantes, cada grupo parlamentar dispunha de três minutos para colocar questões e, no final, a PróToiro teve mais dez minutos para responder e/ou rematar a sua audiência.

Helder Milheiro começou por fazer uma pequena abordagem aquilo que é a Tauromaquia, destacando-a enquanto atividade cultural que é, afirmando que "As Touradas são uma das criações mais originais e autênticas da cultura portuguesa e uma das poucas áreas culturais que não têm programas de apoio. Incorporam quase 100% de mão de obra nacional. Exportam cultura portuguesa, contribuindo para a divulgação da nossa cultura no estrangeiro e para o equilíbrio da balança comercial. Fomentam o turismo e têm de um impacto económico directo e indirecto de muitos milhões de euros, criando emprego e riqueza, muitas vezes em regiões deprimidas do interior, além de impostos para o Estado."

"As corridas de toiros guardam e espelham em si os séculos da história de Portugal, são um verdadeiro tesouro cultural, especificamente português e único no mundo. "

Referindo-se a potenciais prejuízos, caso a temporada não se realizasse, o Secretário-Geral da PróToiro referiu o seguinte:

"Falamos de 6 milhões de euros de impacto directo do setor ganadeiro e mais de 12 milhões de receita de bilheteira."

"Desta forma, tendo em conta toda a envolvente social e económica criada pelo sector, apelamos para que se encontrem medidas de apoio e um caminho para uma solução conjunta capaz de enfrentar as dificuldades previstas na Cultura portuguesa."

"Aquilo que pedimos é um tratamento de igualdade perante a lei. Somos cultura de facto e de jure e queremos ser tratados com o respeito e igualdade que os cidadãos merecem perante a lei, como o define o art 13º da Constituição Portuguesa."

O Presidente da Associação Nacional de Toureiros - Nuno Pardal, iniciou a sua intervenção, afirmando que "A Tauromaquia é uma atividade cultural sazonal que vai de final de março a outubro e, por este motivo, é mais afetada pela paragem total dos espetáculos do que outras atividades culturais."

Ao longo do seu discurso, destacou os diversos possíveis prejuízos para todo o setor tauromáquico:

"As largas dezenas de espetáculos já perdidos e mais os que não serão realizados, trará para o sector consequências muito serias e impossíveis de recuperar. Estimamos neste momento um prejuízo de cerca de 4,5 milhões."

"Com a impossibilidade de gerar receitas, promotores, ganaderos e toureiros estão já em grandes dificuldades para suportar os seus custos fixos, em particular os cavaleiros que tem a seu cargo a alimentação e manutenção dos cavalos, a sua preparação técnica e artística, as equipas de tratadores, veterinários entre muitos outros, com um valor bastante elevado."

"Uma corrida de toiros integra cerca de 170 intervenientes diretos, ou seja, 170 famílias que dependem da sua realização. Toureiros, Forcados, ganaderos, empresários, pessoal técnico, campinos, artesãos, alfaiates, ferradores, veterinários e tantos outros, todos são fundamentais para a existência da cultura taurina. Todos estes empregos e cadeia de valor estão em verdadeiro risco."

"Somos talvez a única atividade cultural sem qualquer subsídio do ministério e que ate é auto-sustentável."

"A sobrevivência dos artistas assim como o bem estar dos seus animais são uma verdadeira preocupação para nós e estou em querer que para alem dos partidos que tradicionalmente são a favor da liberdade cultural, PAN e BE pelo menos nos apoiam neste ultimo ponto e com toda a certeza irão se juntar a nós para encontrarmos a melhor solução."

Helder Milheiro rematou a audição, dirigindo-se à deputada do pan: "O sofrimento de uma criança, seja filho de um toureiro  ou de um actor, a fome de uma criança ou da sua família, o sofrimento é exactamente igual, não existe distinção. A única distinção é o preconceito sobre o sofrimento humano." Isto depois de Cristina Rodrigues, ter defendido a exclusão dos toureiros de qualquer tipo de apoios.

A presidente da Comissão, ex-ministra Ana Paula Vitorino, concluiu dirigindo-se aos representantes da PróToiro, afirmando que a Comissão de Cultura terá sempre abertura e o prazer de receber os agentes culturais, numa resposta ao Pan que afirmou que a Protoiro não deveria ter sido recebida.

Podes ver aqui o vídeo completo da audiência.