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Agosto. 04. 2017 Agosto. 04
ProToiro lamenta declarações do director de programas da RTP

Na sequência de um artigo publicado pelo Diário de Notícias no passado dia 29 de julho intitulado "Tourada dá audiências mas RTP exclui mais corridas", a Prótoiro – Federação Portuguesa de Tauromaquia lamenta as declarações do Diretor de Programas da RTP, Daniel Deusdado, que após a publicação da referida notícia escreveu na sua página pessoal de Facebook o seguinte "Disse ao DN que estava fora de questão apostar em mais transmissões (aumentar). E que tendencialmente iríamos diminuir porque creio não ser boa prática do serviço público transmitir espectáculos com maus tratos a animais. Não é ainda o fim, mas caminhamos para tal.Lamento sempre que se confunda a transmissão televisiva de touradas com a liberdade para existirem touradas. Se não houver televisão, continua a haver a possibilidade de se ir ver tourada onde ela exista, enquanto o Parlamento autorizar. Por razões de equilíbrio e bom senso, faço-o de forma gradual face a tudo o que esta questão envolve. Ano passado foram 4, este ano 3. E o ponto claro na noticia é este: não crescerão - diminuirão."

A Prótoiro considera que o Diretor de Programas da RTP confunde a sua posição pessoal com a da instituição que atualmente representa mas da qual não é detentor. Está a utilizar o cargo que ocupa para cumprir uma agenda pessoal, algo que é deontologicamente inaceitável.

Daniel Deusdado ignora que a programação da RTP está obrigada a um contrato de serviço público. Como dispõe o artigo 9.º, n.º 1, da Lei da Televisão, esta tem por missão promover a cidadania e a participação democrática e respeitar o pluralismo social e cultural, bem como difundir e promover a cultura portuguesa e os valores que exprimem a identidade nacional.

Ignora que a tauromaquia é uma das manifestações culturais mais identitárias da cultura portuguesa, tutelada pelo Ministério da Cultura, e classificada como "parte integrante do património da cultura popular portuguesa" como o Decreto-Lei n.º 89/2014 de 11 de Junho estabelece. 

Ignora ainda os pareceres da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que afirmam sem margem para dúvidas que a tauromaquia é uma das maiores expressões do carácter e cultura portuguesas, com justificada presença num canal de serviço público, e cujo Estado tem a incumbência de promover e proteger.

Com as transmissões televisivas de corridas de toiros as audiências sobem a média do canal, como reconhece Daniel Deusdado, mostrando que os portugueses aderem massivamente a esta expressão cultural na RTP, num exemplo do que deve ser o serviço público. Chegam a ser atingidos picos de audiência até aos 700 mil telespectadores e em diversos segmentos horários as audiências da RTP lideram.

Utilizar a Direção de Programas do canal público para impor um gosto pessoal  à população portuguesa não é aceitável em democracia, pois o serviço público destina-se a todos os cidadãos na sua natural diversidade. 

A Prótoiro considera que esta postura não é compatível com um servidor público, que deve respeitar a legislação e a pluralidade de opiniões. Solicita assim que, no futuro, o Diretor de Programas da RTP tenha uma atitude menos parcial e mais moderada e construtiva, à semelhança do que tem sido a prática dos defensores da cultura tauromáquica.